Data Publicação: 23/01/2025
Redação: SARAH MARMO AZZARI
Com 36 anos, a estudante concluiu o ensino fundamental com o incentivo da equipe e de professores
Por meio do Centro de Interação de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA), Ana Claudia Marques realizou um passo importante em sua jornada: a retomada dos estudos do ensino fundamental, abandonados quando tinha 13 anos.
O CIEJA é uma instituição educacional voltada para ministrar o ensino fundamental para pessoas que não conseguiram conclui-lo na idade apropriada e desejam voltar a estudar.
Em dezembro de 2024, Ana participou de sua esperada formatura, provando para si mesma que a superação é possível. "Foi um desafio muito grande entrar no CIEJA pra mim. Eu pensei que não ia conseguir, mas eu consegui. Me formei, minha formatura foi a coisa mais linda, mais maravilhosa que pôde acontecer na minha vida", relata.
Durante as aulas, a evolução da então estudante foi percebida por colegas e professores, figuras que foram fundamentais para seu desenvolvimento educacional ao longo dos três anos de estudo. "Ana aparentava receio em expressar-se, em interagir comigo e com os colegas de sala, tímida e assustada nesse retorno escolar. Mas, logo a insegurança deu espaço a expressividade, participação, pertencimento e socialização potente. Fez amigas e amigos, se aproximou dos professores e participou com alegria de todas as propostas sugeridas", lembra Simone Futema, professora.
A conquista de Ana teve envolvimento direto das equipes do Serviço Residencial Terapêutico Ipiranga II e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Adulto II Vila Monumento, que sentem-se parte dessa realização.
A atuação dos profissionais da Residência consistiu no auxílio nas tarefas escolares, participação em reuniões com os professores e eventos escolares, auxílio em questões burocráticas como rematrícula e obtenção de bilhete único escolar, além do contato próximo com professores e até motorista da van escolar.
"É gratificante testemunhar esses momentos e saber que, de alguma forma, contribuímos para essa jornada de conquistas. Acreditamos que cada pessoa tem um potencial único e continuaremos apoiando essas histórias de transformação", comenta Cilene Borges, técnica de enfermagem da RT.
Márcia de Lima, Acompanhante Comunitária da Residência, ressalta o orgulho que sente pela moradora ter conseguido seguir até o final com os estudos, já que a usuária tinha tido experiências anteriores de não concluir atividades que havia iniciado: "Foi uma grande vitória, não só para ela, como para nós, profissionais, vê-la se formando, chegando até o fim... Foi uma etapa muito importante, ela começou e terminou".
Para tornar a ocasião ainda mais emocionante, Ana recebeu um anel de formatura, presente pessoal da supervisora técnica da SRT, Graça Belizário.
O Serviço Residencial Terapêutico
A Residência Terapêutica é um serviço voltado para o acolhimento de pessoas que, devido a transtornos mentais severos e permanentes passaram por muitos anos internados em hospitais psiquiátricos ou hospitais de custódia. Após o fechamento destes como resultado da Reforma Psiquiátrica, as RTs foram criadas para receber esse público e reinseri-lo à sociedade.
A rotina do serviço é justamente a de um domicílio, com tarefas domésticas como lavar a roupa, a louça, limpar a casa e fazer comida. O diferencial é que os moradores recebem o apoio e orientações dos Acompanhantes Comunitários. E, quanto ao atendimento em saúde física e mental, os moradores são assistidos pelos serviços da rede de saúde em geral, como Unidades Básicas de Saúde e CAPS de referência.
"A gente está aqui também para poder resgatar a cidadania dos moradores, garantir que eles tenham convívio social, ampliar sempre os espaços de convivência deles. Então, na medida do possível, a gente vai reinserindo eles de novo na comunidade, nas atividades de educação, cultura, lazer"", explica Bianca Geocze, coordenadora da RT.
Pensando no futuro
A conclusão no ensino médio foi apenas o começo. Ana já traça planos para o amanhã.
"Quero muito continuar a estudar, fazer uns cursos, uma faculdade, ter mais oportunidade na vida. No começo parece difícil, mas no fim Jesus ajuda e dá muita força para a gente caminhar em frente. E assim, vai ter dias tristes, dias frios, dias que a gente vai estar meio chateado... Mas tudo bem, vamos seguir em frente e dar a volta por cima", ressalta Ana.
E a atuação da equipe da Residência Terapêutica seguirá acompanhando a superação da moradora e torcendo por suas conquistas. "Hoje ela está pensando mais para frente, o que ela vai fazer no futuro, quais são os próximos passos. A gente está fazendo toda a organização para dar continuidade aos projetos de vida dela, que é uma mulher de 36 anos que ainda tem muita coisa pela frente", finaliza Bianca Geocze.
A Residência Terapêutica Ipiranga II é uma unidade da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, gerenciada em parceria com Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) - uma das maiores Organizações Sociais de Saúde do Brasil - por meio do Programa de Atenção Integral à Saúde (PAIS), que realiza atualmente a gestão de 361 unidades de saúde, estando presente nos municípios de São Paulo (SP), Santo André (SP), Diadema (SP), Santos (SP), Praia Grande (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS).
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