Data Publicação: 25/09/2025
Redação: SARAH MARMO AZZARI
Isolamento social, fragilidade clínica e depressão são alguns fatores de risco para o suicídio entre idosos
Durante o setembro amarelo, a mídia e a sociedade em geral voltam seus olhos para a prevenção do suicídio, disseminando informações sobre o tema a fim de conscientizar a população e reforçar a importância do diálogo e da promoção da saúde mental.
Nesse movimento, o público que mais recebe atenção dentro da temática são os jovens e adultos. No entanto, os idosos são considerados o grupo populacional de maior risco para o suicídio em todo o mundo, tendo como fatores o isolamento social, patologias relacionadas a fragilidade, quadros demenciais e depressão. Soma-se a essas situações, a vivência do luto pela perda de companheiro e filhos e a consequente solidão.
De acordo com o Relatório Global para Prevenção do Suicídio da OMS de 2014, as taxas mais altas de suicídio estão entre as pessoas acima dos 70 anos de idade em todo o mundo, e no Brasil, há evidências de que as taxas mais elevadas concentram-se na população acima de 80 anos e entre 70 e 79 anos.
Diante desse cenário, cabe à sociedade como um todo voltar sua atenção para a saúde física e mental do idoso, para além do público jovem e adulto.
PAI Mascarenhas de Moraes
Em São Paulo, o Programa Acompanhante de Idosos (PAI) Mascarenhas de Moraes aderiu ao Setembro Amarelo com uma série de atividades de sensibilização e acolhimento voltadas aos usuários atendidos pela equipe.
A ação teve início com a roda de conversa " O que te faz Feliz", que teve como objetivo oferecer um espaço seguro de escuta ativa e de diálogo sobre sentimentos, memórias e desafios da vida.
Em seguida, foi realizada a dinâmica "Cartas que Acolhem", na qual cada participante escreveu, com o apoio da equipe, uma frase de esperança ou carinho que gostaria de receber em um momento difícil. As mensagens foram colocadas em uma caixinha e lidas em voz alta.
A atividade seguinte foi a construção conjunta da "Árvore do Autocuidado". Nela, os idosos foram convidados a escolher uma ou mais palavras (em formato de folha) que representassem uma prática de autocuidado, como caminhar, conversar, rezar ou ouvir música, e colá-las na copa da árvore.
Além disso, a "Teia da Solidariedade" consistiu em uma roda em que cada pessoa deveria, com um novelo de lã em mãos, compartilhar uma mensagem positiva e de motivação, e então jogá-lo para o próximo. O objetivo foi criar uma teia simbólica de apoio e conexão entre os idosos.
O encerramento contou com música, dança e momentos de confraternização entre usuários e equipe.
"Cuidar vai além do físico. É acolher, escutar, promover espaço de diálogo sobre saúde mental e valorização da vida. A troca com os idosos foi enriquecedora e reforçou meu compromisso com a promoção da empatia e escuta ativa", ressalta Amanda Paiva, enfermeira.
Prevenção
Prestar atenção no outro é uma atitude fundamental para identificar sinais que podem indicar que uma pessoa está pensando em suicídio. Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), é preciso observar quando alguém precisa de ajuda:
Isolamento Mudanças marcantes de hábitos, Perda de interesse pelas atividades que gostava antes, Descuido com aparência Piora do desempenho na escola ou no trabalho, Alterações no sono e no apetite, Frases como "preferia estar morto" ou "quero desaparecer"
Caso perceba um mais desses comportamentos, ofereça ajuda. Você pode se oferecer para acompanhar a pessoa em uma unidade de saúde, por exemplo.
Também é possível entrar em contato com o CVV por diferentes canais, incluindo o telefone 188.
O PAI Mascarenhas de Moraes é um serviço da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, gerenciado em parceria com Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) - uma das maiores Organizações Sociais de Saúde do Brasil - por meio do Programa de Atenção Integral à Saúde (PAIS), que realiza atualmente a gestão de 351 unidades de saúde, estando presente nos municípios de São Paulo (SP), Santo André (SP), Diadema (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS).
Referências:
Santos MCL, Giusti BB, Yamamoto CA, Ciosak SI, Szylit R. Suicide in the elderly: an epidemiologic study. Rev Esc Enferm USP. 2021;55:e03694. doi: https:// doi.org/10.1590/S1980-220X2019026603694
Pinto LW, Pires TO, Silva CMFP, Assis SG. Evolução temporal da mortalidade por suicídio em pessoas com 60 anos ou mais nos estados brasileiros, 1980 a 2009. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17( 8 ):1973-81. doi: http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232012000800008